O Programa Iberarquivos foi um dos cinco selecionados em 2020 no âmbito da convocatória publicada pela SEGIB “Os Programas, Iniciativas e Projetos Afiliados (PIPA) à COVID19” com o projeto “Na pele de nossos antepassados. Recursos pedagógicos para o conhecimento da luta contra pandemias históricas por meio de arquivos e lições para crianças na Ibero-América em face da COVID-19”.
De acordo com as Nações Unidas, em 2020, com a propagação da pandemia da COVID-19 em todo o mundo, a maioria dos países anunciou o fechamento temporário das escolas, afetando mais de 91% dos estudantes em todo o mundo. De acordo com estudos sobre o tema e a título de exemplo, em abril de 2020, cerca de 1,6 mil milhões de crianças e jovens estavam fora da escola, ou seja, nunca houve tantas crianças em idade escolar ausentes da educação formal ao mesmo tempo. Como consequência, e também de acordo com a ONU, essa pandemia ameaça comprometer o progresso do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4: Educação de Qualidade nos países e grupos mais vulneráveis.
Como medida para enfrentar essa crise, a UNESCO lançou, em março de 2020, a Coalizão Global para a Educação COVID-19, cujas recomendações visam mobilizar recursos para a educação a distância, buscando sempre soluções equitativas e acesso universal, uma vez que a implementação de medidas de educação on-line nos estágios iniciais da crise não garantiu o acesso a todos.
Essa crise está a causar não apenas alterações na aprendizagem, mas também mudanças significativas na vida das nossas crianças, especialmente nas mais vulneráveis dos países latino-americanos, incluindo uma maior consciencialização sobre o perigo de certas doenças, o que pode até mesmo levar a emoções negativas, como medo ou ansiedade em relação ao futuro. Enquanto os adultos podem lidar com essas emoções de forma mais racional, as crianças enfrentam emoções completamente novas (incerteza, perda de liberdade, medo e até mesmo a perda de entes queridos) com recursos que não estão adaptados ao seu desenvolvimento cognitivo. No entanto, a humanidade já enfrentou situações semelhantes em diversas ocasiões e superou-as graças a um esforço coletivo comum e à colaboração de vários atores, especialmente os perfis socio-sanitários.
Acreditamos que é necessário enviar uma mensagem de tranquilidade e confiança às crianças de que nossa sociedade será capaz de lidar com essa pandemia, assim como nossos ancestrais fizeram. Olhar para trás, para a nossa história, que está preservada nos arquivos, pode servir para redirecionar essas emoções para o olhar racional e tranquilizador que o conhecimento oferece.
Uma das lições positivas dessa pandemia que tem causado situações tão extremas para a população é saber que, trabalhando juntos, unindo nossos esforços, podemos vencer qualquer batalha, e é isso que queremos que nossos alunos saibam por meio dessa iniciativa.
Nesse contexto, e com o objetivo de gerar oportunidades de aprendizagem inclusiva para as crianças da Ibero-América durante esse período de ruptura educacional repentina e sem precedentes, o programa Iberarquivos quis contribuir com a educação virtual, com base nas fontes primárias que preservamos nos arquivos da Ibero-América, já que os arquivos contêm o legado de nossos antepassados, testemunho do que fomos e chave para a compreensão do que somos e seremos como humanidade.
A iniciativa tem como objetivo o desenvolvimento de um microsite bilíngue (espanhol/português) com conteúdo educativo e didático, interativo e para download, adaptado à faixa etária de 9 a 12 anos, que permite o conhecimento da luta contra as pandemias ao longo da história na Ibero-América por meio de uma seleção de documentos históricos preservados nos diferentes arquivos que compõem a rede Iberarchivos. O tema é tratado com uma abordagem positiva, inclusiva e multicultural, destacando o enfoque de gênero, pois queremos mostrar claramente o notório papel das mulheres na luta contra essas doenças.
Da mesma forma, por meio dessa iniciativa, também buscamos contribuir para a aquisição de outras habilidades que podem variar desde as mais básicas, ligadas à melhoria do vocabulário, da capacidade dedutiva, do trabalho colaborativo ou da incorporação do uso das TICs na sala de aula e na vida cotidiana; até colocar os mais jovens em contato com os grandes tesouros que os arquivos guardam e promover a conscientização sobre o valor e a função dos arquivos na atualidade, abrindo novos horizontes para o futuro e ampliando sua perspectiva.